quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Um pouco sobre a cidade...

Welcome to Vancouver! Ou melhor dizendo, welcome to RAINcouver.  Sim, Vancouver chove muito, mas muito mesmo. Não é aquela chuva de verão, forte e passageira, com barulho, trovões e relâmpagos, mas sim uma chuvinha quietinha, fininha e constante. Pode ficar semanas e semanas sem abrir o tempo, só chovendo. No entanto, não se surpreenda se de uma hora pra outra, ou de um dia para o outro, o tempo abrir rapidamente, do nada. Aqui, por ser um clima muito influenciado pelo oceano, o tempo é muito instável. Por isso, sempre leve um guarda-chuva na bolsa. E principalmente: não espere a chuva passar para fazer alguma coisa. Se você for esperar toda vez, vai acabar não fazendo nada. É justamente por causa disso, de chover muito, que a temperatura não cai tanto, como nas outras regiões do Canadá. Quando faz sol, com céu azul, sempre esfria mais, enquanto que dias chuvosos seguram mais a temperatura, que ficam em torno do 0°C. 
Poema gravado em uma pedra, em uma das praias da Kits (região bem turística)

O lado bom da estação chuvosa ser o inverno é que você está com tanta roupa, que acaba nem sentindo muito a chuva. Mas mesmo assim, é imprescindível ter um sapato e uma jaqueta impermeáveis, caso contrário, isso pode realmente estragar seu dia.
Mas uma vez que você se acostumou com a chuvinha, vai perceber que Vancouver é uma cidade muito bonita, com moradores muito simpáticos e solícitos. Mais de uma vez, quando andávamos pela rua procurando apartamento para alugar, meu marido e eu fomos abordados por moradores oferecendo ajuda, simplesmente pelo fato de estarmos com um mapa da cidade aberto nas mãos. É um comportamento super simples, mas que nos surpreende, pois por medo, as pessoas acabam esquecendo e evitando de se comunicarem e interagirem nas ruas, por morararem em uma cidade violenta no Brasil.
Outra coisa muito comum por aqui, também, são os cachorros, é uma cidade “dog friendly”. Não há um dia que a gente tenha andado pelas ruas e não veja não só um, mas vários donos passeando com seus cachorros. Mesmo em bairros com muitos apartamentos, como é o West End, há muitos cachorros; os prédios sinalizam na entrada “pet friendly” ou “no pets” e por morarem em apartamentos, os donos levam seus cachorros para passear com maior freqüência. Os cachorros aqui são super educados e muito bem ensinados, com donos muito exigentes.
Encontramos os dois andando pelo Stanley Park (o cachorro era super divertido, não queria parar de correr atrás do Gu... E ai se ele parasse)

Nelson Park, em Downtown, aonde é permitido cachorros sem coleira

Alguns passeiam sem coleiras, outros os deixam amarrados do lado de fora de alguma loja, enquanto fazem compra rápida, o que é proibido aqui. Esse assunto de proibição causou muita polêmica, esses dias, pois os policiais, ao invés de fazerem vista grossa, como era de costume, passariam a aplicar multas em donos que deixassem cachorros amarrados do lado de fora de comércio. O governo alega que é perigoso para os pedestres passarem perto de cachorros sem seus donos por perto, mesmo que amarrados, pois, por mais que sejam ensinados, não se sabe o comportamento que o cachorro terá. No entanto, já passamos perto de vários cachorros amarrados e isso nunca foi um problema. Enfim, aqui o que não faltam são parques e praças aonde se podem passear com cachorros sem coleiras, inclusive praias. Principalmente os labradores, não importa o frio que esteja, eles se alegram toda vez que vão buscar um pauzinho de madeira no mar.
Praia da Kits aonde é permitido cachorros entrarem na água (que gracinha!)

Entretanto, em parques mais afastados, normalmente, é proibido passear com cachorros sem coleira, pela abundância de vida selvagem, como pássaros, patos, esquilos, coiotes e até ursos.
Outra característica do povo daqui é que eles gostam muito de se exercitarem, não importa a hora do dia, se está chovendo ou não, se está muito frio, se está no horário comercial... não importa, eles estão correndo, andando de bike, andando de patins...Enfim, estão sempre se mexendo. Principalmente quando sai o sol, aí sim as pistas de corrida e bicicleta ficam cheias. Falando nisso, há em boa parte da cidade, uma faixa de bicicleta nas ruas, ao lado das faixas dos carros e há também, próximo ao mar, em toda orla, desde o Coal Habor (aonde fica a marina), passando pelo Stanley Park, a English Bay, Kitsliano até a UBC, o que eles chamam de "seawalk", que são pistas de corrida e bike/patins. Essas são regiões com paisagens de tirar o fôlego.

Sinalização de bike e pedestres na orla da English Bay

E não importa se você tem vontade de correr de noite e no inverno, você não estará sozinho. Há também, em diversos parques, quadras de tênis, basquete, piscina pública, hockey de quadra e golfe, o que também estimula a prática de exercícios.
Meu amor olhando uma das quadras de hockey, perto do Queen Elizabeth Park

Quadras de tênis no Stanley Park

Pelo fato da cidade ser muito bonita e também por ter estúdios de cinema mais em conta (que Hollywood pelo menos) vários filmes já foram gravados por aqui: O quarteto fantástico, Iron Man, Arquivo X, Rambo, Eu Robô, Todo Mundo em Pânico, Wolverine, Rocky 4, O Dia que a Terra Parou, Efeito Borboleta, a série Fringe e outros. Não é raro encontrar por aí notas avisando que, em um determinado local, haverão gravações de filmes.   
Ah! E eu também não podia deixar de comentar que eles são completamente apaixonados pelo local que vivem. Tanto, que até nas placas dos carros está escrito “Beautiful British Columbia” (a placa é relativa à província e não à cidade).

Placa de carro (calma! não é muito comum nevar por aqui)

Bom, acho que falei bastante da cidade. No próximo post vou falar um pouco mais sobre os animais.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Alugar em Vancouver

Como você certamente irá perceber, Vancouver é uma das cidades mais caras do mundo. Até o ano passado, Vancouver era a cidade mais cara do Canadá. Ela acabou de ser substituída por Toronto, segundo pesquisa realizada em 2011. Mas ser o segundo lugar não alivia muito em nossos bolsos.
Umas das coisas que você, provavelmente, irá sentir pesar mais no seu orçamento será o aluguel. Como eles mesmos dizem: o aluguel “is freakly expensive”.
Mas vamos com calma. Não desanime, porque aqui vão algumas dicas de como conseguir encontrar um lugar bacana.
Primeira dica importantíssima: evite procurar lugar para ficar aqui em Vancouver estando ainda no Brasil. É importante dar uma olhada no lugar, porque a gente viu cada coisa estando aqui.. Sem contar que o senso de limpeza e higiene deles é diferente do nosso, talvez não tão ruim quanto dos americanos, mas com certeza pior que o nosso. Por isso, vale a pena ficar alguns dias em hotel/hostel enquanto procura um lugar.
Outra dica bacana é: escolha uma região que mais te agrada (talvez pela proximidade do seu trabalho, escola ou com o centro da cidade, facilitando no transporte) e saia caminhando pelas ruas. Parece loucura, mas não é. É o modo mais fácil de encontrar apartamentos para alugar. Eles costumam colocar, na frente dos predinhos, placas sinalizando se há vagas e qual o tipo de apartamento que é (bachelor/studio/ 1 ou 2 bedrooms), juntamente com o telefone. Vale muito a pena já aproveitar e interfonar ali no prédio mesmo para o “manager” (espécie de síndico) que é quem irá dizer o valor e te mostrar o lugar, caso te interesse. E caso o manager não esteja, vale anotar o telefone e ligar mais tarde. Isso também facilita, pois assim, você só agenda para ir conhecer aqueles lugares em que o aluguel couber no seu bolso.

                                       Estilo de prédio bem comum por aqui.
 

                               Placas, em frente aos prédios, indicando que há vagas.


              

                                          

Outra dica legal ainda é entrar no Craiglist de Vancouver (http://vancouver.craigslist.ca/). Para quem nunca ouviu falar, esse é um site aonde se vende e se compra de tudo. Absolutamente de tudo, até vaga de emprego tem lá. Com ele, dá para se ter uma idéia do valor médio do aluguel por região, o que também facilita a escolha da região. Aqui, não tem muita interferência de imobiliária para se alugar, é negociado o valor diretamente com o manager e paga-se para ele, mensalmente. Em alguns lugares, o manager entrevista a pessoa antes de alugar o apartamento. 
Mas cuidado que tem alguns anúncios falsos. Quando estávamos procurando um lugar para alugar, meu marido encontrou um anúncio de um apartamento de um quarto, mobiliado, com tudo incluído (internet, energia, aquecimento e água quente – os últimos dois são extremamente importantes), em Yaletown (que é um dos bairros mais chiques e caros da cidade) por $800,00/mês (esse valor é muito barato). O dono alegava que tinha urgência em alugar e que iria passar 3 anos no exterior, por isso este valor em conta. E até colocou fotos do lugar limpo, arrumado e com móveis novos. Mas aí que veio o detalhe: ele pedia um "seguro depósito" (valor pago, obrigatoriamente e, caso você não quebre nem destrua nada, é devolvido no final da sua estadia) duas vezes maior que o normal, além de cobrar, no momento do contrato, dois meses adiantados. Ficamos intrigados com este anúncio e resolvemos ir conhecer o apartamento, logicamente, só do lado de fora, pois o dono estava com a chave do lugar no exterior e só a enviaria depois que o depósito fosse realizado. E para a nossa surpresa, descobrimos que o lugar não existia! Existia a rua, mas não existia o número do prédio. Então, aqui ficam duas outras dicas: sempre suspeite de papai-noel em anúncio imobiliário e o valor do seguro depósito nunca deve ultrapassar a metade do valor do seu aluguel. Tem malandro em todo lugar. O que acontece é uma exigência, quando se assina o contrato, de estadia mínima no lugar, em torno de 6 meses (se você sair antes, o seguro depósito não é devolvido), mas nunca é pedido pagamento adiantado de 2 meses de aluguel.
Com relação às coisas incluídas no aluguel, quase sempre estão água quente e aquecimento. Internet, geralmente, você escolhe a operadora e paga a parte e não se assuste se a energia não estiver incluída, é super barata. Em casa, cozinhamos sempre, usando o forno, TV, computador, etc e nunca vimos uma conta maior que $20,00. Claro que depende da quantidade de aparelhos eletrônicos que você tenha, mas o ruim, quando a energia está incluída no aluguel, é que, se em um determinado mês, você gastar menos energia, o valor do aluguel continua o mesmo. Geralmente lugares mobiliados e os chamados de “basement” trazem o pacote completo já incluído no aluguel. “Basement” é um quarto, no porão de uma casa, que é alugado, mas neste caso, a cozinha, lavanderia e outras “facilities” são divididas com os donos. Por isso, já inclui internet, energia, aquecimento, água quente e etc. O térreo das casas daqui é um pouco acima do chão, com escadas, por isso, o porão geralmente, tem janela e é iluminado. 

                                          Estilo de casa bem comum por aqui.



                                      Entradinha lateral para o "basement". 
        

Ah! Aqui, até os apartamentos não mobiliados já vem com fogão e geladeira. Demos sorte porque nosso apartamento tinha acabado de ser reformado e o fogão e a geladeira eram novos. Mas essa é uma questão bem interessante: acho, sinceramente, que não compensa alugar mobiliado. Muitos dos móveis que temos em casa conseguimos de graça, doado por antigos moradores do prédio e também por uma vizinha que não mais queria aquele modelo de sofá. E as demais coisas, como talheres, panelas, copos e etc. são muito baratos, muito mais em conta que no Brasil, sem contar que tudo isso pode ser levado embora depois. Então, talvez valha a pena gastar um pouco mais no primeiro mês, comprando essas coisas pequenas (acreditem, eles doam muita coisa boa! Além daquelas vendas de jardins que vende muitas coisas a preço de banana) e economizar no aluguel nos próximos meses.
Bom, são essas as dicas mais importantes... próximo post eu falo mais sobre a cidade.