Bom, para aqueles que acabaram de
chegar e tudo no supermercado é novidade, aqui vão algumas dicas para ajudar a
encontrar alguns itens básicos da culinária brasileira.
Antes de mais nada, vale lembrar
que como, “teoricamente” (e eu uso milhões de aspas aqui porque não passa de
teoria, aqui em BC) o Canadá é um pais bilíngue, todas as embalagens vem com
instruções nas duas línguas: inglês e francês. Isso nos ajudou em diversos
momentos, pois quando nos deparávamos com algum alimento que não conhecíamos o
nome em inglês, o nome em francês, por ser uma língua latina também, acabava apresentando
a escrita muito parecida com o português. Então, se ficar na dúvida quanto a
isso, não hesite em virar a embalagem e tentar ler em francês, mesmo se não
souber nada em francês, como é o nosso caso.
Fermento em pó/ pó royal: demoramos bastante para encontrar
fermento em pó nos supermercados, principalmente porque nem a embalagem nem o
nome são parecidos. Descobrimos que aqui eles usam o Baking Powder como
fermento em pó, mas vale lembrar que ele é bem menos concentrado que o nosso
fermento em pó. Então, se quer fazer uma receita na qual vai apenas uma colher
de chá de fermento em pó, com o baking powder você precisa adicionar várias
colheres de sopa. Mas não digo especificamente o quanto, porque isso depende de
cada cozinheira. Mas afirmo que se colocar apenas o que sugere sua receita, o
bolo não vai crescer nada e vai embatumar.
Fubá: eles não têm o nosso conhecido fubá, que é a base de muitos
pratos tradicionais brasileiros, mas sim um preparado para fazer polenta
pré-pronto. Claro que se você quiser fazer polenta, é tranquilo e parecido, mas
qualquer outra coisa que você queira fazer não dá muito certo, tipo farofa,
broa, bolo de fubá (não estranhem, sou filha de mineira mesmo). A farinha de
milho também não tem, pelo menos ainda não encontramos (e olha que estamos
procurando em quase todos os mercados da cidade). Na verdade, eles são bem
preguiçosos aqui e cozinham muito pouco e quando o fazem, geralmente, usam
alguma mistura já pronta, como mistura para chocolate quente, mistura para
cookies, mistura para brownies, por isso é mais difícil de encontrar os
ingredientes básicos.
Leite condensado: para minha alegria, aqui tem sim, em qualquer
supermercado o leite condensado, ao contrário do que ouvimos, que o Brasil é um
dos poucos países que tem leite condensado. Mas ficam aqui algumas dicas: a lata é
mais cara que no Brasil, é menor e tem pouquíssimas marcas. Por isso, fiquem
atentos, porque o brigadeiro pode render pouco. Ah! E cuidado para não
confundir com evaporated milk (que seria o leite em pó), porque eles tem
embalagens muito parecidas e o preço do segundo é mais em conta.
Arroz/feijão: o nosso prato diário é muito fácil de se fazer por
aqui. O arroz é parbolizado, mas eu o achei bem mais palatável que o arroz
europeu, ou, então, eu já to aqui tempo bastante para não mais lembrar o gosto do
arroz normal. Já o feijão também é vendido em grãos, em embalagens fechadas ou
à granel, mas o que compensa mesmo é comprar o feijão já cozido em lata. Tem
diversos tipos de feijão e você só precisa refogá-lo, o que ajuda muito pra
quem não tem panela de pressão, como é o meu caso.
Carne: não é a minha especialidade, vou confessar que meu marido é
quem entende disso, é ele quem vê os tipos, os preços e os cortes. Mas o
interessante é que ele encontrou na internet um quadro comparando os nomes das
carnes vermelhas daqui com os nossos cortes. Isso ajuda muito na hora de saber se
a carne que você comprou é para fazer bife ou carne de panela. Mas de modo
geral, as carnes não são caras. Pelo contrário, dependendo das promoções, você
consegue comprar carnes boas por preços bem mais em conta que no Brasil (isso
convertendo até). Isso porque as carnes, leites e derivados vem de Alberta, que
é o estado vizinho e, pela proximidade, o valor não fica tão absurdo assim. Sei
que em Montréal a carne é muito mais cara que aqui.
Promoções:
a maioria dos mercados daqui fazem folhetos de promoções semanais, nos quais
alguns produtos ficam com valores muito mais
acessíveis, durante aquela semana. Claro que dá trabalho ficar consultando toda sexta-feira (dia em
que as promoções começam) quais produtos são mais vantajosos comprar, mas para
quem tem o orçamento doméstico apertado como o nosso e, principalmente, é
estrangeiro, acho que vale o esforço, principalmente porque os produtos que
entram nas promoções são em torno de 50% mais baratos.
Frutas/ verduras: isso não tem jeito mesmo: o Brasil possui melhores frutas, maior diversidade e melhores preços. Pra não ser injusta, a uva seedless (conhecida uva thompson) é mais barata aqui. Também, não é justo comparar um país tropical como o nosso com um país gelado como o Canadá. A grande maioria das frutas/verduras são importadas dos EUA, México, América Central, mas já vi manga importada do Brasil (única coisa, por enquanto) e blueberry (mirtilo) do Chile (o que me chamou muito a atenção, porque é de se pensar que pelo menos o blueberry seria produzido aqui).
Bom, de modo geral, as compras de
supermercados não são caras. Cozinhar aqui vale muito a pena, o que é caro
mesmo é comer fora (isso porque a mão-de-obra é muito cara). Os produtos nacionais, como frutas/verduras,
carnes, leite, eletrodomésticos, eletrônicos e outros, são orgulhosamente
diferenciados com um selo na embalagem; claro que são mais caros, mas mexem com
um orgulho patriota do consumidor canadense.
Fazemos compras de supermercado toda semana, incluindo frutas e carnes e
não é nem um pouco pesado no final do mês. Seria muito mais caro, por exemplo,
almoçar ou jantar fora todo dia. Já o que minha mãe chama de porcarias, que são
as bolachas, cookies, sorvete, batata chips, pringles, essas sim são,
consideravelmente, mais baratas que no Brasil, até convertendo. O ruim é quando
essas porcarias entram nas promoções, daí não tem como evitar aqueles quilinhos a
mais no final do mês.