sábado, 5 de maio de 2012

Compras no supermercado

Bom, para aqueles que acabaram de chegar e tudo no supermercado é novidade, aqui vão algumas dicas para ajudar a encontrar alguns itens básicos da culinária brasileira.
Antes de mais nada, vale lembrar que como, “teoricamente” (e eu uso milhões de aspas aqui porque não passa de teoria, aqui em BC) o Canadá é um pais bilíngue, todas as embalagens vem com instruções nas duas línguas: inglês e francês. Isso nos ajudou em diversos momentos, pois quando nos deparávamos com algum alimento que não conhecíamos o nome em inglês, o nome em francês, por ser uma língua latina também, acabava apresentando a escrita muito parecida com o português. Então, se ficar na dúvida quanto a isso, não hesite em virar a embalagem e tentar ler em francês, mesmo se não souber nada em francês, como é o nosso caso.
Fermento em pó/ pó royal: demoramos bastante para encontrar fermento em pó nos supermercados, principalmente porque nem a embalagem nem o nome são parecidos. Descobrimos que aqui eles usam o Baking Powder como fermento em pó, mas vale lembrar que ele é bem menos concentrado que o nosso fermento em pó. Então, se quer fazer uma receita na qual vai apenas uma colher de chá de fermento em pó, com o baking powder você precisa adicionar várias colheres de sopa. Mas não digo especificamente o quanto, porque isso depende de cada cozinheira. Mas afirmo que se colocar apenas o que sugere sua receita, o bolo não vai crescer nada e vai embatumar.

Fubá: eles não têm o nosso conhecido fubá, que é a base de muitos pratos tradicionais brasileiros, mas sim um preparado para fazer polenta pré-pronto. Claro que se você quiser fazer polenta, é tranquilo e parecido, mas qualquer outra coisa que você queira fazer não dá muito certo, tipo farofa, broa, bolo de fubá (não estranhem, sou filha de mineira mesmo). A farinha de milho também não tem, pelo menos ainda não encontramos (e olha que estamos procurando em quase todos os mercados da cidade). Na verdade, eles são bem preguiçosos aqui e cozinham muito pouco e quando o fazem, geralmente, usam alguma mistura já pronta, como mistura para chocolate quente, mistura para cookies, mistura para brownies, por isso é mais difícil de encontrar os ingredientes básicos.
Leite condensado: para minha alegria, aqui tem sim, em qualquer supermercado o leite condensado, ao contrário do que ouvimos, que o Brasil é um dos poucos países que tem leite condensado. Mas ficam aqui algumas dicas: a lata é mais cara que no Brasil, é menor e tem pouquíssimas marcas. Por isso, fiquem atentos, porque o brigadeiro pode render pouco. Ah! E cuidado para não confundir com evaporated milk (que seria o leite em pó), porque eles tem embalagens muito parecidas e o preço do segundo é mais em conta.

Arroz/feijão: o nosso prato diário é muito fácil de se fazer por aqui. O arroz é parbolizado, mas eu o achei bem mais palatável que o arroz europeu, ou, então, eu já to aqui tempo bastante para não mais lembrar o gosto do arroz normal. Já o feijão também é vendido em grãos, em embalagens fechadas ou à granel, mas o que compensa mesmo é comprar o feijão já cozido em lata. Tem diversos tipos de feijão e você só precisa refogá-lo, o que ajuda muito pra quem não tem panela de pressão, como é o meu caso.
Carne: não é a minha especialidade, vou confessar que meu marido é quem entende disso, é ele quem vê os tipos, os preços e os cortes. Mas o interessante é que ele encontrou na internet um quadro comparando os nomes das carnes vermelhas daqui com os nossos cortes. Isso ajuda muito na hora de saber se a carne que você comprou é para fazer bife ou carne de panela. Mas de modo geral, as carnes não são caras. Pelo contrário, dependendo das promoções, você consegue comprar carnes boas por preços bem mais em conta que no Brasil (isso convertendo até). Isso porque as carnes, leites e derivados vem de Alberta, que é o estado vizinho e, pela proximidade, o valor não fica tão absurdo assim. Sei que em Montréal a carne é muito mais cara que aqui.


 Promoções: a maioria dos mercados daqui fazem folhetos de promoções semanais, nos quais alguns produtos ficam com valores muito mais acessíveis, durante aquela semana. Claro que dá trabalho ficar consultando toda sexta-feira (dia em que as promoções começam) quais produtos são mais vantajosos comprar, mas para quem tem o orçamento doméstico apertado como o nosso e, principalmente, é estrangeiro, acho que vale o esforço, principalmente porque os produtos que entram nas promoções são em torno de 50% mais baratos.
Frutas/ verduras: isso não tem jeito mesmo: o Brasil possui melhores frutas, maior diversidade e melhores preços. Pra não ser injusta, a uva seedless (conhecida uva thompson) é mais barata aqui. Também, não é justo comparar um país tropical como o nosso com um país gelado como o Canadá. A grande maioria das frutas/verduras são importadas dos EUA, México, América Central, mas já vi manga importada do Brasil (única coisa, por enquanto) e blueberry (mirtilo) do Chile (o que me chamou muito a atenção, porque é de se pensar que pelo menos o blueberry seria produzido aqui).
Bom, de modo geral, as compras de supermercados não são caras. Cozinhar aqui vale muito a pena, o que é caro mesmo é comer fora (isso porque a mão-de-obra é muito cara). Os produtos nacionais, como frutas/verduras, carnes, leite, eletrodomésticos, eletrônicos e outros, são orgulhosamente diferenciados com um selo na embalagem; claro que são mais caros, mas mexem com um orgulho patriota do consumidor canadense.  Fazemos compras de supermercado toda semana, incluindo frutas e carnes e não é nem um pouco pesado no final do mês. Seria muito mais caro, por exemplo, almoçar ou jantar fora todo dia. Já o que minha mãe chama de porcarias, que são as bolachas, cookies, sorvete, batata chips, pringles, essas sim são, consideravelmente, mais baratas que no Brasil, até convertendo. O ruim é quando essas porcarias entram nas promoções, daí não tem como evitar aqueles quilinhos a mais no final do mês.